quinta-feira, 28 de março de 2013
Sobre João
João Apolinário Teixeira Pinto nasceu em 18 de janeiro de 1924, em Belas, Sintra. Viveu parte da infância no Vale do Pomba, propriedade familiar situada em Lebução, Chaves. Na aldeia, fez os primeiros anos do curso primário. A montanha, a paisagem agreste, o silêncio, os animais e os frutos, as aves e as pedras foram as primeiras evidências do mundo que pensou ser o seu: profundo, autêntico, natural, com tempo "para ver mudar a cor das flores". Deslocar-se a Chaves para estudar foi o primeiro rompimento com o que não conseguiu realizar plenamente. Seguiu-se-lhe Lisboa, onde frequentou o Colégio Valsassina e o Liceu Camões. Surgiu a poesia, que o acompanhou sempre. Cursou Direito nas Universidades de Coimbra e Lisboa. Aos 21 anos, poeta intimista de voz singular, jornalista e jurista, foi para a França como correspondente da Agência Logos, de Madri. Viver os terríveis últimos tempos da Segunda Guerra Mundial marcou-o definitiva e cruamente.
A prática cultural, nunca partidária, de João Apolinário, na poesia, no teatro, no jornalisno, na crítica e na reportagem; a acutilância de suas ideias antifascistas, mais ações de real proteção a quem delas necessitasse, resultaram em prisões, torturas, e, pior, tempos dolorosos de afastamento dos filhos, João Ricardo e Maria Gabriela. Na década de 50 publicou Morse de sangue, livro memorizado numa cela subterrânea de Peniche, durante cinco dias e cinco noites. Em 1963 partiu para São Paulo, onde ficou exilado durante 12 anos. Sua atividade jornalística, crítica e poética foi intensa. Muito do que está contido no Poeta Descalço e Apátridas. Viveu, no dia 25 de abril de 1974, a enorme alegria, por um tempo curto, sim, mas pode vivê-la, de ver Portugal livre do fascismo.
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